sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Desafio Literário 2012



























Pois é depois de ver muita gente entrar neste desafio... vamos ver até onde aguento, afinal na minha chatice não gosto de nada que me é imposto... E, ler alguns tipos de livro prá mim pode se tornar uma tortura, maaaaas vamos lá, vamos tentar... Quero ver se ainda hoje posto a minha lista de livros escolhidos para o ano!

Receita de Ano Novo

   Volto a lidar com este muquifinho cheia de idéias, e quem tem o hábito de me visitar aqui sabe que as mudanças foram simplesmente gerais, foram enormes, textos exlcuídos, modificados, afinal tudo passa, até uva passa, não é? 
   E para começar o novo ano com a corda a toda, um pouco atrasada porém cheia de expectativas, nada como o nosso querido Drummond. Sim ou com certeza?



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
                                                             (Carlos Drummond de Andrade) 

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.